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Quarenta anos após a sua publicação em 1976, A vontade de saber, de Michel Foucault, mantém-se como obra seminal a que constantemente se regressa e como recorrente referência que se invoca, que se cita, que se apropria ou se critica, mas que não se ignora nem se apaga. Primeiro volume de uma projetada História da sexualidade, a que Foucault deu uma repensada sequência, ela trouxe o impulso decisivo ao então emergente campo dos estudos gay e lésbicos, ergueu um dos pilares em que assenta a teoria queer, assim como criou as bases para uma viragem fundamental nos estudos de género. Tomada em conjunto com O uso dos prazeresO cuidado de si, os volumes da História da Sexualidadeque lhe deram continuidade, A vontade de saber concebe a ideia de tecnologias do eu que abrem caminho à atual exploração dos processos de subjetivação e de construção da subjetividade, sobre os quais se concentra em particular a teoria queer.

Ao cruzar esta linha de reflexão com a noção de dispositivo, e em particular com o dispositivo da sexualidade, A vontade de saber permitiu repensar o funcionamento da técnica moderna e os processos de produção do indivíduo como objeto e como sujeito com enorme repercussão sobre os programas contemporâneos de pesquisa sobre o pós-humano. A teoria do poder desenvolvida por Michel Foucault nesta obra teve um efeito sísmico no pensamento político, abrindo caminho a um questionamento muito profundo do marxismo e da psicanálise, tendo por eixo a pesquisa sobre a possibilidade e o sentido da resistência no seio de relações de poder produtivas e omnipresentes. O campo inteiramente inédito de reflexão sobre a biopolítica moderna, que se afigura cada vez mais atual à medida que o tempo passa, refundou em bases inteiramente novas a investigação sobre a história das sexualidades, inclusive ao deixar à pesquisa em curso questões porventura mais complexas do que as que resolveu. Na exata medida em que adiantou hipóteses explicativas incontornáveis sobre os fenómenos totalitários modernos a atualidade de A Vontade de Saber vê-se reativada a cada momento perante o contexto biopolítico da crise generalizada que constitui o nosso horizonte político e cognitivo.

 

As propostas de comunicação devem referir-se à reflexão desenvolvida por Foucault em A Vontade de Saber e prosseguida em O uso dos prazeres e O cuidado de si, bem como os cursos do Collège de France contemporâneos destes livros, incluindo as suas problematizações, os seus instrumentos analíticos, a sua repercussão nas ciências sociais e nas humanidades, nos estudos de género e queer, nos estudos sobre arte e sobre cultura visual, nos estudos sobre o corpo e a sexualidade, nos estudos sociais da ciência, da medicina e da psiquiatria, na reflexão sobre a biopolítica e o biopoder.

Para submeter uma proposta de comunicação, basta seguir ESTE LINK (tem que fazer registo prévio nesta plataforma).

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As propostas de comunicação devem ser submetidas até 30 de Setembro de 2016, e:

a) não devem exceder as 300 palavras,

b) devem contar entre três a cinco palavras-chave e

c) uma nota biográfica de cem palavras, com

d) indicação da filiação institucional.

 

Deve igualmente ser indicada em qual das quatro áreas temáticas do colóquio a comunicação se integra preferencialmente:

1) Dispositivo(s) da sexualidade

2) Sexualidade e biopolítica

3) Sexualidade, scientia sexualis e poder

4) Sexualidade e processos de subjetivação

 

Para submeter uma proposta de comunicação, basta seguir ESTE LINK (tem que fazer registo prévio nesta plataforma).

As submissões a esta conferência foram encerradas em 2016-11-16.



Organização: Grupo de Trabalho de Género e Sexualidades da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação/ CIC.DIGITAL – Pólo Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa